MODELOS DE DISSERTAÇÃO EM PROSA - TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
A FALTA DE VONTADE POLÍTICA QUANTO À VIOLÊNCIA
Antigamente, quando se falava em assalto, todos ficavam apavorados, sabendo que se tratava de uma situação específica e que dificilmente voltaria a repetir-se; hoje esse ato já é considerado “normal”, e essa normalidade têm tornado as autoridades desmotivadas a resolver, de fato, a situação. Simples: não lhes interessa que as pessoas fiquem sossegadas, sem depender dos discursos e falatórios em época de campanha.
Se todos estivessem em situação de paz, se o número de assaltos e de delitos fosse pequeno e , portanto, não houvesse preocupação, o que os candidatos proporiam em época de eleição? Qual seria o argumento para se pedir voto? É visível o desinteresse e a “desresponsabilização” daqueles que deveriam garantir aquilo a que nossos impostos se destinam. O Governo Federal culpa os Estados que culpam o Governo Federal, e os Municípios, estes nem reclamar podem e, se o fazem, não são ouvidos.
Resolver o problema da violência é tarefa quase impossível. Por mais que se fale que a educação previne a violência, a abordagem atual é de solucionar algo que se arrasta há muito tempo, portanto, medida emergencial. Mas, havendo vontade política, esse quadro alarmante de insegurança da população poderá mudar muito nos próximos anos. É preciso entender que a educação já deveria ter sido valorizada antes para que o drama não ocorresse hoje. Mas, como isto se dá a longo prazo, atitudes firmes precisam ser, urgentemente, tomadas.
A população precisa arregaçar as mangas e tomar uma posição frente ao descaso da segurança. Chega de ser lesado o tempo todo, com falácias inconcretas, que não eliminam tal realidade. Mobilizar-se, cobrar das autoridades, organizar-se civilmente seria uma sugestão interessante de se seguir. Caso contrário, daqui a dez anos, talvez nem estejamos vivos para reivindicar.
MERCADO DE TRABALHO: QUALIFICAÇÃO E INICIATIVA
O mercado de trabalho nunca foi uma expressão tão utilizada como agora. A preocupação por um futuro promissor, mais do que nunca, tem sido muito percebida nos dias atuais, em que se exige muita qualificação profissional e capacidade de iniciativa.
(INTRODUÇÃO)
Ser profissional não é simplesmente atuar numa área de trabalho, ter um emprego e exercer algumas funções. Quem não procura melhorar naquilo que realiza, obtendo cada vez mais informações para otimizar o serviço prestado tem a iminência do desemprego à sua frente. Não se admite mais o trabalho baseado no senso comum, sem o mínimo de conhecimento técnico-científico que permita a esse profissional satisfazer as necessidades contemporâneas, inclusive sendo versátil, quando preciso.
(DESENVOLVIMENTO – 1º ARGUMENTO)
Outro elemento decisivo para a manutenção do emprego é a iniciativa. E ela está intimamente ligada ao trabalho em equipe. Colaborar para que uma tarefa seja realizada, mesmo não sendo diretamente ligada àquilo que se faz, contribui para o fortalecimento daquele grupo, empresa, instituição pública ou qualquer outra esfera. Eis aí um dos fatores mais importantes para ser absorvido pelo mercado de trabalho, cuja ausência provoca um efeito contrário, de conseqüências traumáticas.
(DESENVOLVIMENTO – 2º ARGUMENTO)
Nos dias atuais, o profissional que quiser ser bem-sucedido precisa reunir uma série de características, trabalhar em vários campos, relacionar-se bem com as pessoas e ser completamente dedicado. A situação em que se encontra a economia não dá chances a deslizes, por menores que sejam, e cabe a todo profissional a busca incessante para que o tal mercado de trabalho deixe de ser um monstro e passe a ser a solução.
(CONCLUSÃO – SUGESTÃO OU SOLUÇÃO)
REALITY SHOWS: É SÓ MUDAR DE CANAL
Os reality shows dividem a opinião dos brasileiros, alimentando uma antiga discussão sobre a programação de nossas emissoras, especialmente no gênero entretenimento. No debate, é costume focar-se na questão que envolve a exposição demasiada da vida dos participantes, apelo sexual e conflitos por uma vaga na final, com a chance de se faturar uma premiação excepcional em dinheiro, principal objetivo dos integrantes.
Hoje, o mais famoso desses programas é o BBB - Big Brother Brasil. Iniciado há cerca de dez anos, o atrativo já viveu dias de maior credibilidade. O questionamento mais fervoroso deu-se no início de 2012, quando foi veiculado vídeo contendo cenas de sexo entre Monique e Daniel, supostamente sem o consentimento dela. Fatos dessa natureza reforçam a tese dos que se dizem contra esse tipo de programação, por se apresentar vulgar e com maus exemplos de conduta.
Na verdade, as emissoras de TV que oferecem esse modelo de atração lucram bastante com os anunciantes e não estariam nem um pouco dispostos a substituí-los por programas educativos, culturais, o que seria bem melhor para o país. Por esse mister, tal idéia é incogitável. No entanto, aqueles que - por acaso - nao afinam com tal atração têm - hoje muito mais do que antes - opções abundantes para escolher gêneros diferentes, sem se incomodarem com os reality shows.
Logo, apesar de se conceber como uma programação que de fato não acrescenta muito para quem deseja algo com mais conteúdo cultural ou educativo, bani-la seria enfatizar a censura dos tempos ditatoriais, atitude que não fazer parte dos dias atuais. Afinal, se o telespectador não suporta tais programas têm - democraticamente - a liberdade de ignorá-los. É só mudar de canal, e o Estado Democrático de Direito reinará quase que absoluto.
O BRASIL COMO 6ª ECONOMIA MUNDIAL: CONTRADIÇÃO
Não há como negar que o Brasil tem sido observado de modo diferente no cenário econômico internacional. Em pouco mais de uma década, o salto dado pelo País começou a provocar o interesse de investidores e tornou-se possível não somente superar a grande crise mundial, mas também conquistar o posto de 6º lugar entre os países mais industrializados. Contraditoriamente, tal avanço não foi convertido ainda em melhorias concretas à população.
Um dos pontos que explicam tal paradoxo é a falta de investimento em educação e tecnologia, problema eternamente insolúvel, mesmo agora com a situação favorável. Escolas ainda sem equipamentos de informática, professores sem formação e, consequentemente, mal remunerados; áreas de ciências exatas (física, química e matemática) sem profissionais disponíveis; cidadãos sem o mínimo nível de leitura e compreensão textual. Tais aspectos travam o desenvolvimento do país, especialmente quando se sabe que o Governo facilita a entrada nas universidades, sem ter-se focado no ensino básico, inversão prejudicial ao crescimento.
Um dos pontos que explicam tal paradoxo é a falta de investimento em educação e tecnologia, problema eternamente insolúvel, mesmo agora com a situação favorável. Escolas ainda sem equipamentos de informática, professores sem formação e, consequentemente, mal remunerados; áreas de ciências exatas (física, química e matemática) sem profissionais disponíveis; cidadãos sem o mínimo nível de leitura e compreensão textual. Tais aspectos travam o desenvolvimento do país, especialmente quando se sabe que o Governo facilita a entrada nas universidades, sem ter-se focado no ensino básico, inversão prejudicial ao crescimento.
Outro fator que se torna contrastante ao bom momento econômico que o Brasil atravessa é a má distribuição de renda, mais um crônico problema. A riqueza existente foi parar nas mãos de pouquíssimos indivíduos, enquanto grande parte da população brasileira vive - se não de esmolas como antes - mas do Programa Bolsa Família, cujo valor global é gigantesco, porém individualmente é irrisório.
Nessa perspectiva, a dualidade reforça a idéia de que não basta estar entre os mais ricos; é preciso que isso se converta em mais educação, mais cultura, maior qualificação. Quando se têm esses bens acessíveis, a distribuição de renda passa a ser mais justa e a diferença entre ricos e pobres diminui. Dessa forma, seria vantajoso ter a 6ª economia mundial. Do contrário, só os que já são privilegiados continuarão a se beneficiar.
ABORTO DE ANENCÉFALOS: O TRIBUNAL ACERTOU?
Como se sabe, o Brasil é um país predominantemente cristão, o que acaba interferindo nos posicionamentos sobre assuntos polêmicos, como aborto, união homossexual, divórcio. A descriminalização do aborto de anencéfalos provocou reações da sociedade, em que alguns perderam a real noção do papel atribuído ao STF, como se aquele Colegiado tivesse de levar em conta aspectos como religiosidade, moralidade, compaixão.
A Justiça, em vários casos, já aprovou inúmeros procedimentos para retirada de fetos nascidos com anencefalia (sem partes do cérebro). O que o Supremo Tribunal Federal fez simplesmente foi tornar lícito esse ato, sem a necessidade de autorização judicial, como ocorria antes da votação. Se uma mãe comprovar a anencefalia de seu embrião, não precisará ficar a espera vários meses até que um juiz sensível resolva a situação. Isso alivia a situação de muita gente que precisava passar pela provação de 9 meses, sabendo que o filho poderia morrer assim que nascesse.
Como o Brasil é um país cuja religiosidade é notória, faz-se compreensível que haja questionamentos de segmentos contrários à prática do aborto em qualquer circunstância. No entanto, tais grupos devem ter em mente o sofrimento que uma família atravessa ao ser dignosticada a anencefalia. O órgão máximo de justiça brasileiro não teve por finalidade incentivar a prática indiscriminada desse procedimento, como muitos afirmam, visto que tal decisão é individual e intransferível, sendo respeitados os posicionamentos de cada cidadão.
Como se pode observar, a decisão do Tribunal Supremo não se trata de uma afronta à vida. A votação por 8 x 2 considerou aspectos jurídicos, baseados na cessão do direito à livre escolha que, segundo os juízes, não afeta a vida, visto que ela ainda não se constitui quando se trata de feto. A decisão foi, sim, acertada, especialmente porque faculta à mãe, proprietária do corpo e do embrião, a realizar ou não, conforme seu desejo, o aborto de anencéfalo.
O STF RATIFICA A CONSTITUIÇÃO: IGUALDADE PARA TODOS
A aprovação da união civil entre homossexuais, como se poderia esperar, tem causado posicionamentos extremos pela sociedade, cuja população discute o acerto ou equívoco por parte do Tribunal máximo do País, à maioria das vezes com bases religiosas e moralistas.
Alguns pontos não devem ser esquecidos, que são a amoralidade, arreligiosidade e neutralidade total do STF. Colegiado de caráter jurídico, os ministros votaram a matéria, tomando como base princípios defendidos e - melhor - garantidos pela Constituição Federal, segundo a qual todos têm os mesmos direitos enquanto cidadãos brasileiros. Isso inclui negros, brancos, homens, crianças, crédulos, incrédulos, heteros e homossexuais, sem distinção, os quais, constituindo família, devem assegurar tudo o que lhes for devido, durante tal "contrato matrimonial".
Embora alguns segmentos motrem-se contrários à decisão, por princípios religiosos e morais, especialmente - os quais também precisam ser respeitados - não podem esquecer-se que a moral e a religião devem primar pela equidade e pela justiça, aspectos fundamentais na construção de um Estado Democrático de Direito. Em nenhum momento, é viável pensar num incentivo à prática homossexual, mesmo porque não é competência de um plenário jurídico ocupar-se de temas ligados estritamente à sexualidade.
Nessa perspectiva, o Supremo Tribunal Federal, a despeito de muitos questionamentos que possa haver cumpriu o papel que dele se espera sempre: garantir que os cidadãos de uma nação - independentemente de qualquer particularidade - vivam dignamente sem distinção qualquer que venha a afrontar os seus direitos, enquanto parte de um país democrático.